sábado, 21 de abril de 2012

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol não me constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita o sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota…
Crepite, em derredor, o mar de Agosto…
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençois o lume do teu peito…
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão-Ferreira

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